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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Nota.

Percebi que você tinha ido embora quando entre a multidão deixei de perceber o calor de teu corpo, o olor de teu perfume, a graça de tua presença. Tua ausência em meu leito me fez sentir o frio ainda nas noites calorosas do verão. Uma imagem confusa, um sorriso gastado e um espaço vazio na cama, é tudo o que ficou de você.
Você se reduziu a uma lembrança mal guardada, e que, no entanto, às vezes levo comigo. Ainda me pergunto onde é que você está. Procuro-te, mas não consigo te encontrar. Passa o tempo, e o cansaço me faz resignar. Eu lhe escrevo cartas que jamais vou enviar, e entre as linhas dou de presente sorrisos que você jamais vai ver.
Passam as estações. Primavera, verão, outono, inverno, primavera uma vez mais. Parece um círculo eterno que nunca vai acabar, e nele fico mareado, me caio, volto a ficar em pê, volto a sofrer, e continuo aqui sem poder avançar, pensando em momento que jamais vivi, misturando lembranças com desejos que houvesse querido concretar.
Um dia acordei, escrevi uma nota, coloquei o ponto final. Fecho o caderno, o coloco em uma gaveta, e aí deixo uma história ideal, que jamais vivi, mas que houvesse querido viver. Deixo isso guardado e começo em outro caderno, em outras páginas, a escrever outra história de incerto final.

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